terça-feira, 17 de setembro de 2013

bang-bang


o nariz ossudo com uma cartilagem solta, quase grampeada pelo acúmulo de uma poeira rosada lembrava parte da viagem que na briga dos patos arqui-selvagens o cão arenoso perdeu parte do focinho úmido. espera pela consulta, o rádio sentencia uma campanha de vacinação para crianças, espalhadas pelo chão de azulejo de banheiro as poças do sangue apressam o tempo. mas naquele posto, caminho de qualquer câmera ávida pelo bang-bang ele ouvia uns gritos e me oferecia um analgésico espumado em uma caneca entocada de uma papa ofertada a um bando de passarinhos apenados e despenados. a voz da senhora de meias listradas, esta seria minha salvação. isso era um exagero. não naquele local onde os quilômetros ao pai morto se encurtavam. depois do cruzamento ouvimos um disco inteiro do elvis magrelo que você adorava chamar de elvis-tatu. podia-se vomitar, caminhar, escarificar um pedaço em suor das suas costas, a busca pelo seu pai irresgatável vinha de uma economia que não queria velar, estendia o pé e o cascalho humanizando as rodas, o cheiro contido de um verão lutuoso que se parece estranhado agora, antes parado nos intestinos era a promessa de uma vida dentro de uma piscina repleta de cavalos-marinho, balões e um ou outro boiando sem a certeza dos pulmões cheios de ar. 

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