segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

era difícil falar besouro. ali viviam besourros



da luz baldeada para o rosto da criança polvilhada de biscoito estávamos de costas para o resto de animal amontoado no tapete do alpendre de uma avó que teimava com o conserto de um abajur laminado por um faquinha encorpada de nódoas de sangue. ainda abanava o peixe meio vivo em uma pia quase banheira daquele bebê de passos-caracol que disseram patinava medo pelo tombo na piscina do quintal.
já não podia correr e segurá-lo pelo braço que se não fosse todo pintado de bolas chamaria a atenção pelo osso torto. mas corria. corrida com o pé torto, com o corpo embrulhado de férias empenadas. buscava um pai no quarto aberto de besouros. era difícil falar besouro. ali viviam besourros e uma vó ajoelhada em um mini círculo de milhos puídos pela cartilagem solta da mulher. na falta do som das pernas, o comboio de bichos trazido pela escuridão ultrapassa a parede verde. a janela continua fechada. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário