quinta-feira, 20 de novembro de 2014

cartão-plâncton-postal


desça, desça, desça. faltava pouco para a cidade amanhecer na meia afunilada pelo outro pé do tales quase asfixiado pelo canto já morto de um despertador que tocava um henry lee desbotado sem a voz da pj harvey. só as calçadas daquelas ruas magras levariam ao zoológico de ventos da cidade pasmada em páscoa perpétua. na quinta aula o trapézio, na nona, outro comboio de passos de uma morte. só o coelho estático. pelo leito gradeado do rio, a ponte esquece das velhas casas. daquele ano de aviões tropeiros: duas dezenas de porta retratos lá na despensa. enquanto nadadores supitavam pedregulhos e as piabas desconjuntadas flutuavam rio acima, a turma dos cães molhavam o cimento com a taquicardia de deixar a epiderme afinada. lembra que a cidade inteira parecia tomada por uma corrente oceânica, o pesadelo enfunado no cabelo abraçado pelos braços machucados do mesmo puma-77 que boiava no mar pequeno da nossa cidade? éramos já um rapto, duas sereias de rabos silvestres.

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