quinta-feira, 2 de maio de 2013

guarda-vestidos


a mala e eu. coreografia do medo sem estrada. 
no retrato da júlia com um pastor alemão, o bartô, perto do escorregador que entre empurrões afogamos por umas treze férias parava um tempo crescido. a tremura do câncer da avó não afetava os pares de olhos gradeados por umas armações coloridas, arranhadas, latidas dos cães agora trancados longe das férias deles. como um asilo, como um parque de diversões dissolvido em julhos sem ingressos brincavam com o caroço sem a sorte da cura. só depois do inventário de chuviscos percebi na fita vhs do dia vinte, de oitenta e nove, a mão dela afastando o joelho ressequido em movimentos que esbarram no domínio da doença. 
sem o mergulho das três outras crianças de biquínis curtos toma fôlego, engole o resto de unha flutuada na boca. descabelando o corpo às batidas na piscina ainda cascalho, foge dos azulejos empilhados usados pelos pedreiros que também estão ali com calças azuis, chinelos pretos. a viagem seguia fungada depois de tantos anos reformados com os dedos enfileirando reparos. depois do banho, o repouso no teto vencido pela textura de um rococó mineiro aberto em trilhas de infiltrações, moradas de um bando de lagartixas, obriga o retorno ao guarda-vestidos. 

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