domingo, 24 de maio de 2020

Mas uma mãe sempre corre?




Um sismógrafo tão antigo que não capta o choro pasmado do bicho trêmulo sem escamas,
nas madrugadas de pandemia a mãe seguia a rotina de alternar mamadas, embrulhar as pernas geladas e cheirar aquele amontoado de cabelo com odor de frutas
não saberia correr diante da sirene de incêndio,
pernas frouxas,
dentes tremelicantes,
ossos pontudos.
Mas uma mãe sempre corre?
sempre exilada do fundo do mar:
resta o contágio da manhã.

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